quinta-feira, 20 de março de 2014

Terceirão - Revisão - Sujeito e Predicado

1. (Espcex (Aman) 2014)  Assinale o sujeito do verbo forjar, no período abaixo.

Chama atenção das pessoas atentas, cada vez mais, o quanto se forjam nos meios de comunicação modelos de comportamento ao sabor de modismos lançados pelas celebridades do momento.  
a) meios de comunicação   
b) modelos de comportamento   
c) modismos    
d) celebridades do momento    
e) pessoas atentas    
  
2. (Espcex (Aman) 2013)  Assinale a alternativa correta quanto à classificação do sujeito, respectivamente, para cada uma das orações abaixo.

— Choveu pedra por no mínimo 20 minutos.
— Vende-se este imóvel.
— Fazia um frio dos diabos naquele dia.  
a) indeterminado, inexistente, simples   
b) oculto, simples, inexistente   
c) inexistente, inexistente, inexistente   
d) oculto, inexistente, simples   
e) simples, simples, inexistente   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
V – O samba

À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. (...)

José de Alencar, Til.

(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.  


3. (Fuvest 2013)  Na composição do texto, foram usados, reiteradamente,

I. sujeitos pospostos;
II. termos que intensificam a ideia de movimento;
III. verbos no presente histórico.

Está correto o que se indica em
a) I, apenas.   
b) II, apenas.   
c) III, apenas.   
d) I e II, apenas.   
e) I, II e III.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A questão a seguir refere-se ao fragmento de Capitães da Areia reproduzido abaixo.

O TRAPICHE

SOB A LUA, NUM VELHO TRAPICHE ABANDONADO, as crianças dormem.
Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua. Desta ponte saíram inúmeros veleiros carregados, alguns eram enormes e pintados de estranhas cores, para a aventura das travessias marítimas. Aqui vinham encher os porões e atracavam nesta ponte de tábuas, hoje comidas. Antigamente diante do trapiche se estendia o mistério do mar oceano, as noites diante dele eram de um verde escuro, quase negras, daquela cor misteriosa que é a cor do mar à noite.
Hoje a noite é alva em frente ao trapiche. É que na sua frente se estende agora o areal do cais do porto. Por baixo da ponte não há mais rumor de ondas. A areia invadiu tudo, fez o mar recuar de muitos metros. Aos poucos, lentamente, a areia foi conquistando a frente do trapiche. Não mais atracaram na sua ponte os veleiros que iam partir carregados. Não mais trabalharam ali os negros musculosos que vieram da escravatura. Não mais cantou na velha ponte uma canção um marinheiro nostálgico. A areia se estendeu muito alva em frente ao trapiche. E nunca mais encheram de fardos, de sacos, de caixões, o imenso casarão. Ficou abandonado em meio ao areal, mancha negra na brancura do cais.

AMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 25.


4. (Ufrn 2013)  Para fazer uma leitura proficiente do fragmento, é necessário que o leitor, entre outros procedimentos, recupere as relações sintático-semânticas ali estabelecidas.
Assim, os sujeitos dos quatro últimos períodos do fragmento, considerando-se a ordem de ocorrência, são:
a) um marinheiro nostálgico”, “a areia”, “os negros musculosos” e “o imenso casarão”.   
b) uma canção”, “a areia”, “os negros musculosos” e “um marinheiro nostálgico”.   
c) um marinheiro nostálgico”, “a areia”, “o imenso casarão”, “o imenso casarão”.   
d) “uma canção”, “a areia”, “o imenso casarão” e “um marinheiro nostálgico”.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o seguinte trecho de uma receita de cozinha.

1. Misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal. Incorpore depois o ovo e a gema.
2. Adicione o leite, aos poucos, mexendo sempre até obter um preparado uniforme.
(...)
4. Vire a panqueca para que cozinhe de ambos os lados. Retire e recheie com uma fatia de queijo e outra de presunto. Enrole, dobre as pontas e sirva.


5. (G1 - ifsp 2013)  A primeira orientação para o preparo da receita de panqueca é apresentada em duas frases. É possível reescrevê-las em uma única frase, sem alterar a informação original, da seguinte maneira:
a) Assim que incorporar o ovo e a gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.   
b) Sucedendo a incorporação do ovo e da gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.   
c) Antes da incorporação do ovo e da gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.   
d) Depois de incorporar o ovo e a gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.   
e) Quando incorporar o ovo e a gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
De um jogador brasileiro a um técnico espanhol
João Cabral de Melo Neto

Não é a bola alguma carta
que se leva de casa em casa:

é antes telegrama que vai
de onde o atiram ao onde cai.

Parado, o brasileiro a faz
ir onde há-de, sem leva e traz;

com aritméticas de circo
ele a faz ir onde é preciso;

em telegrama, que é sem tempo
ele a faz ir ao mais extremo.

Não corre: ele sabe que a bola,
Telegrama, mais que corre voa.

(Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/futebol.html#jogador> Acesso em: 12 out. 2011.)


6. (G1 - ifpe 2012)  Quanto aos aspectos morfossintáticos do texto, assinale a alternativa correta.
a) O sujeito das duas primeiras estrofes é indeterminado, como se verifica pelos verbos “se leva” e “atiram”.   
b) O predicado em “Não é a bola alguma carta” e “é antes telegrama...” é verbal, pois os verbos indicam o estado da bola.   
c) O sujeito simples “brasileiro” da terceira estrofe é retomado nas demais estrofes pelo pronome “ele”.   
d) O predicado da oração “Ele a faz ir”, na quarta e quinta estrofes, é verbo-nominal, pois indica ação e descreve a bola.   
e) O substantivo “telegrama”, no último verso do poema, é um adjunto adnominal de “bola”.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
            Nos últimos três anos foram assassinadas mais de 140 mil pessoas no Brasil. Uma média de 47 mil pessoas por ano. Uma parcela expressiva destas mortes, que varia de região para região, é atribuída à ação da polícia, que se respalda na impunidade para continuar cometendo seus crimes. São 25 assassinatos ao ano por cada 100 mil pessoas, índice considerado de violência epidêmica, segundo organismos internacionais.
            Se os assassinatos com armas de fogo são uma face da violência vivida na nossa sociedade, ela não é a única. Logo atrás, em termos de letalidade, estão os acidentes fatais de trânsito, com cerca de 33 mil mortos em 2002 e 35 mil mortes por ano em 2004 e 2005. Isto, sem falar nos acidentados não fatais socorridos pelo Sistema Único de Saúde, que multiplicam muitas vezes os números aqui apresentados e representam um custo que o IPEA estima em R$ 5,3 bilhões para o ano de 2002.
            A lista da violência alonga-se incrivelmente. Sobre as mulheres, os negros, os índios, os gays, sobre os mendigos na rua, sobre os movimentos sociais etc. Uma discussão num botequim de periferia pode terminar em morte. A privação do emprego, do salário digno, da educação, da saúde, do transporte público, da moradia, da segurança alimentar, tudo isso pode ser compreendido, considerando que incide sobre direitos assegurados por nossa Constituição, como tantas outras formas de violência.

(Silvio Caccia Bava. Le Monde Diplomatique Brasil, agosto 2010. Adaptado.)


7. (Unifesp 2011)  No período Uma parcela expressiva destas mortes, que varia de região para região, é atribuída à ação da polícia, que se respalda na impunidade para continuar cometendo seus crimes, as palavras sublinhadas referem-se, respectivamente,
a) à palavra parcela e tem a função de sujeito; à palavra polícia e tem a função de sujeito.   
b) à palavra mortes e tem a função de sujeito; à palavra polícia e tem a função de sujeito.   
c) à palavra parcela e tem a função de objeto; à palavra polícia e tem a função de objeto.   
d) à palavra parcela e tem a função de objeto; à palavra ação e tem a função de sujeito.   
e) à palavra parcela e tem a função de sujeito; à palavra ação e tem a função de sujeito.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O Outro Marido

14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. 10Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.
1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.
– Quando você ficar bom...
– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito 12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle.
– Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
– Vou visitar você todo domingo, quer?
– É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu canto.
Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.
– Pelo rádio – explicou Santos.
Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não ficava até o dia seguinte, só essa vez?
5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por mês.
Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?
– Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.
O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.
E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra
realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.
– Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta – disse Dona Laurinha, despedindo- se.

 (Carlos Drummond de Andrade)


8. (Espcex (Aman) 2011)  No trecho, “– É tarde – respondeu Santos.” (ref.5), o sujeito do verbo sublinhado é
a) indeterminado.   
b) indefinido.   
c) inexistente.   
d) oculto.   
e) simples.   
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 [B]

A frase não está na ordem direta; reorganizando-a, temos:
“O quanto modelos de comportamento se forjam nos meios de comunicação ao sabor de modismos lançados pelas celebridades do momento chama atenção das pessoas atentas, cada vez mais”.
Assim, fica evidente que o sujeito do verbo forjar é “modelos de comportamento”.  

Resposta da questão 2:
 [E]

Na primeira oração, existe sujeito simples (“pedra”), pois o verbo “chover” usado em sentido figurado deixa de ser impessoal e passa a ser pessoal. Na segunda, a construção da oração na voz passiva sintética apresenta sujeito simples (“este imóvel”). Na terceira, o verbo “fazer” é usado com o sentido de tempo, portanto impessoal, constituindo oração com sujeito inexistente.   

Resposta da questão 3:
 [E]

Todos os itens são corretos, pois

I. existe construção de sentenças em que o sujeito é colocado após o verbo para valorizar algum termo em detrimento de outro, como em “adumbra-se na escuridão um maciço de construções” e “dançam os pretos o samba”, entre outros;
II. expressões como “frenesi que toca o delírio”, “desesperado saracoteio”, “o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia” intensificam a ideia de movimento;
III. predominam, no texto, os verbos no presente histórico, recurso empregado para sugerir a atualidade dos fatos narrados e, dessa forma, causar mais impacto.  

Resposta da questão 4:
 [A]

Quatro últimos períodos do texto:
1. “Não mais cantou na velha ponte uma canção um marinheiro nostálgico.” (Sujeito determinado simples: “um marinheiro nostálgico”.)
2. “A areia se estendeu muito alva em frente ao trapiche.” (Sujeito determinado simples: “a areia”.)
3. “E nunca mais encheram de fardos, de sacos, de caixões, o imenso casarão.” (O sujeito está oculto, trata-se do sujeito do período: “Não mais trabalharam ali os negros musculosos que vieram da escravatura”.)
4. “Ficou abandonado em meio ao areal, mancha negra na brancura do cais.” (O sujeito está oculto e se encontra no período anterior: “E nunca mais encheram de fardos, de sacos, de caixões, o imenso casarão”.)  

Resposta da questão 5:
 [C]

É correta a opção [C], pois o ovo e a gema devem ser adicionados à mistura prévia de farinha peneirada, manteiga e sal.  

Resposta da questão 6:
 [C]

Apenas é correto o que se afirma em [C], pois as demais apresentam as seguintes incorreções:

Em [A] o sujeito da oração subordinada adjetiva “que se leva de casa em casa” é o pronome relativo “que”, relacionado ao antecedente “carta”, por isso, simples;
Em [B] os predicados das frases mencionadas são ambos nominais, pois apresentam como núcleo um predicativo do sujeito (: “alguma carta” e “telegrama”, respectivamente) e verbo de ligação (“é”);
Em [D] o predicado da oração “Ele a faz rir” é verbal, pois apresenta como núcleo um verbo nocional, isto é, verbo que indica ação;
Em [E] o substantivo “telegrama” exerce a função de aposto.  

Resposta da questão 7:
 [A]

Em ambos os casos, o pronome relativo “que” desempenha a função de sujeito. Na oração “que varia de região para região”, refere-se ao antecedente “parcela” e em “que se respalda na impunidade para continuar cometendo seus crimes”, ao termo “polícia”.  

Resposta da questão 8:
 [C]

Há verbos que não possuem sujeito (sujeito inexistente) como acontece em “É tarde”, com o verbo ser indicando tempo.  


Revisão Parcial - Classicismo

1. (Ufpe 2013)  A poesia lírica é o espaço ideal para a temática do amor, desde a antiguidade clássica até a atualidade. Mudam-se os tempos, as ideologias, e o amor continua um sentimento indecifrável e paradoxal. Daí ser motivo dos dois poemas que seguem. Leia-os e analise as proposições que a eles se referem.

Sete anos de pastor Jacó servia

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se não a tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: – Mais servira se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

(Camões)

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinícius de Moraes)
(     )  Nos dois poemas, pertencentes, respectivamente, ao Classicismo e ao Romantismo, o tema do amor é trabalhado numa forma fixa.  
(     )  São dois sonetos que mantêm relação de intertextualidade, pois o segundo retoma o primeiro em sua forma e em seu conteúdo.  
(     )  Nos dois poemas, a concepção de amor é diversa, pois o primeiro expressa a finitude desse sentimento, e o segundo, ao contrário, apresenta-o como eterno.  
(     )  No último verso de seu poema, Camões usa uma antítese para dar conta da idealização do amor. Vinicius de Moraes, nos dois últimos versos do segundo quarteto, recorre também a oposições, que expressam o desejo de viver o sentimento amoroso em todos os momentos.  
(     )  Enquanto o segundo soneto apresenta uma concepção do amor mais fiel à vivência dos afetos no século XX, o primeiro traz uma visão platônica idealizada do sentimento amoroso, própria do Classicismo do século XVI.  
  
2. (G1 - ifsp 2013)  São características das obras do Classicismo:
a) o individualismo, a subjetividade, a idealização, o sentimento exacerbado.   
b) o egocentrismo, a interação da natureza com o eu, as formas perfeitas.   
c) o contraste entre o grotesco e o sublime, a valorização da natureza, o escapismo.   
d) a observação da realidade, a valorização do eu, a perfeição da natureza.   
e) a retomada da mitologia pagã, a pureza das formas, a busca da perfeição estética.   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Esse texto do século XVI reflete um momento de expansão portuguesa por vias marítimas, o que demandava a apropriação de alguns gêneros discursivos, dentre os quais a carta. Um exemplo dessa produção é a Carta de Caminha a D. Manuel. Considere a seguinte parte dessa carta:

Nela [na terra] até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... porém a terra em si é de muito bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar.  


3. (G1 - ifsp 2013)  O verbo sob destaque no trecho – ...até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... – sinaliza a seguinte intenção do escrevente:
a) por meio do modo subjuntivo, evidenciar uma constatação.   
b) por meio do modo subjuntivo, evidenciar uma insatisfação.   
c) por meio do modo subjuntivo, evidenciar uma incerteza.   
d) por meio do modo indicativo, evidenciar uma convicção.   
e) por meio do modo indicativo, evidenciar uma hipótese.   
  
4. (G1 - ifsp 2013)  Assinale a alternativa em que as palavras grifadas estão empregadas em sentido conotativo.
a) ...porém a terra em si é de muito bons ares...   
b) Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar...   
c) ...querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem...   
d) ...o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente...   
e) ...esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar.   
  
5. (G1 - ifsp 2013)  O trecho apresentado é preponderantemente descritivo. A classe de palavras que aparece associada a esse tipo textual é o adjetivo. São exemplos de palavras dessa classe, no texto, as seguintes:
a) ...porém a terra em si é de muito bons ares...   
b) Águas são muitas e infindas.   
c) ...dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem...   
d) ...o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente...   
e) ...esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar.   
  
6. (Insper 2012)  Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria, e, enfim,
converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía*.

Luís Vaz de Camões

*soía: Imperfeito do indicativo do verbo soer, que significa costumar, ser de costume

Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o sentido dos versos de Camões.
a) O foco temático do soneto está relacionado à instabilidade do ser humano, eternamente insatisfeito com as suas condições de vida e com a inevitabilidade da morte.   
b) Pode-se inferir, a partir da leitura dos dois tercetos, que, com o passar do tempo, a recusa da instabilidade se torna maior, graças à sabedoria e à experiência adquiridas.   
c) Ao tratar de mudanças e da passagem do tempo, o soneto expressa a ideia de circularidade, já que ele se baseia no postulado da imutabilidade.   
d) Na segunda estrofe, o eu lírico vê com pessimismo as mudanças que se operam no mundo, porque constata que elas são geradoras de um mal cuja dor não pode ser superada.   
e) As duas últimas estrofes autorizam concluir que a ideia de que nada é permanente não passa de uma ilusão.   
  
7. (Enem 2012)  LXXVIII (Camões, 1525?-1580)

Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;

Presença moderada e graciosa,
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;

Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:

Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.

CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2008.


A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.   
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoa e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.   
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.   
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.   
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.   


Desafio


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Partimo-nos assim do santo templo
Que nas praias do mar está assentado,
Que o nome tem da terra, para exemplo,
Donde Deus foi em carne ao mundo dado.
Certifico-te, ó Rei, que se contemplo
Como fui destas praias apartado,
Cheio dentro de dúvida e receio,
Que a penas nos meus olhos ponho o freio.
(Camões, Os Lusíadas, Canto 4º - 87.)



8. (Ufscar 2006)  O trecho faz parte do poema épico "Os Lusíadas", escrito por Luís Vaz de Camões e narra a partida de Vasco da Gama, para a viagem às Índias.
a) Em que estilo de época ou época histórica se situa a obra de Camões?
b) Para dizer que o nome do templo é Belém, Camões faz uso de uma perífrase: "Que o nome tem da terra, para exemplo,/Donde Deus foi em carne ao mundo dado". Em que outro trecho dessa estrofe Camões usa outra perífrase?
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 F – V – F – V – V.

Primeira afirmação: incorreta. O primeiro poema pertence ao Classicismo e o segundo, ao Modernismo.
Terceira afirmação: incorreta. O segundo poema expressa a finitude do sentimento amoroso.  

Resposta da questão 2:
 [E]

É correta a opção [E], pois as obras do Classicismo reproduzem modelos ou padrões baseados na busca de equilíbrio, simplicidade, contenção e universalidade, valorizando e resgatando elementos artísticos da cultura greco-romana. Nas artes plásticas, teatro e literatura, o Classicismo ocorreu no período do Renascimento Cultural, séculos XIV ao XVI, e na música, na metade do século XVIII.  

Resposta da questão 3:
 [C]

É correta a opção [A], pois, na frase “até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata”, o presente do subjuntivo do verbo haver sugere incerteza ou dúvida.  

Resposta da questão 4:
 [E]

Na frase da opção [E], a palavra “semente” foi usada em sentido figurado, sugerindo algo embrionário que pode originar resultados positivos.  

Resposta da questão 5:
 [B]

Nas opções [A], [C], [D] e [E], existem termos que não pertencem à classe dos adjetivos, pois em

[A] “muito” é advérbio de intensidade;
[C] “tudo” é pronome indefinido, e “bem”, substantivo incorporado à locução prepositiva “por bem d(as)”;
[D] “gente” é substantivo;
[E] “semente” é substantivo.

Assim, é correta apenas a opção [B].  

Resposta da questão 6:
 [D]

A primeira estrofe apresenta uma generalização filosófica: a inconstância faz parte de tudo que existe (“todo o mundo é composto de mudança”), devido a permanente instabilidade do mundo exterior e interior do ser humano (“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”). Assim, não é específica do homem, nem do grau de experiência que vai adquirindo ao longo da vida, como se afirma em [A] e [B]. Tampouco as opções [C] e [E] analisam corretamente o sentido dos versos de Camões, pois a ideia de circularidade presente nas últimas estrofes confirma a constância das transformações a ponto de que nem a própria mudança acontece sempre da mesma forma e no mesmo ritmo. Assim, é correta apenas [D], já que a segunda estrofe apresenta um eu lírico desiludido que vê o seu “doce canto” convertido em triste “choro”.  

Resposta da questão 7:
 [C]

Os adjetivos “leda”, “deleitosa”, “doce”, “graciosa”, “fermosa” e “rara” refletem a visão idealizada da mulher, mas sem o exagero de emotividade característico do Romantismo. Ao contrário deste, a estética clássica defende a contenção emocional e privilegia o equilíbrio e a sobriedade, características sugeridas nos termos “moderada” e “suave” referindo-se à imagem feminina, e na expressão “alegre e comedido” com que se define o eu lírico. Assim, é correta a opção [C].