sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Lista ETAPA - Romantismo


V – O samba

À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais como TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. (...)

José de Alencar, Til.

(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.  


1. (Fuvest 2013)  Considerada no contexto histórico a que se refere Til, a desenvoltura com que os escravos, no excerto, se entregam à dança é representativa do fato de que
a) a escravidão, no Brasil, tal como ocorreu na América do Norte e no Caribe, foi branda.   
b) se permitia a eles, em ocasiões especiais e sob vigilância, que festejassem a seu modo.   
c) teve início nas fazendas de café o sincretismo das culturas negra e branca, que viria a caracterizar a cultura brasileira.   
d) o narrador entendia que o samba de terreiro era, em realidade, um ritual umbandista disfarçado.   
e) foi a generalização, entre eles, do alcoolismo, que tornou antieconômica a exploração da mão de obra escrava nos cafezais paulistas.   
  
2. (Acafe 2014)  Considerando o contexto histórico descrito no texto a seguir, assinale a alternativa correta quanto à produção literária no Brasil.

“Na Europa, a segunda Revolução Industrial promovera modificações profundas. Inovações tecnológicas desenvolveram a produção em massa de bens diversos.  As cidades cresceram muito (em detrimento do campo), e formou-se um proletariado que logo começou a organizar-se politicamente. E, dentro desse contexto, as artes mudaram: a belle époque assiste a uma sucessão de movimentos artísticos revolucionários.”
(LAFETÁ, 1982, p. 99)
a) Na literatura rompeu-se com a tradição clássica, imposta pelo período árcade, e apresentaram- se novas concepções literárias, dentre as quais podem ser apontadas: a observação das condições do estado de alma, das emoções, da liberdade, desabafos sentimentais, valorização do índio, a manifestação do poder de Deus através da natureza acolhedora ao homem, a temática voltada para o amor, para a saudade, o subjetivismo.   
b) Os escritores brasileiros abordaram a realidade social do país, destacando a vida nos cortiços, o preconceito, a diferenciação social, entre outros temas. O homem é encarado como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização).   
c) O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados. Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas; surgiu o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista.   
d) As características comuns às obras literárias brasileiras desse período são: a ruptura com a linguagem pomposa parnasiana; a exposição da realidade social brasileira; o regionalismo; a marginalidade exposta nas personagens e associação aos fatos políticos, econômicos e sociais.   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Utilize os textos abaixo para responder à(s) questão(ões).
Texto 1

Canção do tamoio

(...) Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do imigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranquilo nos gestos,
Impávido, audaz.
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão. (...)

(Gonçalves Dias)
Texto 2

Berimbau

Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem.
Quem diz muito que vai não vai
E, assim como não vai, não vem.
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém,
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem,
Capoeira que é bom não cai
E, se um dia ele cai, cai bem!

(Vinicius de Moraes e Baden Powell)



3. (Insper 2014)  O modo como a morte é figurativizada no fragmento de Gonçalves Dias é semelhante ao seguinte verso da canção de Vinicius e Baden:
a) O amor que lhe quer seu bem   
b) Vai morrer sem amar ninguém   
c) O dinheiro de quem não dá   
d) É o trabalho de quem não tem   
e) E, se um dia ele cai, cai bem!   
  
4. (Insper 2014)  No fragmento poético de Gonçalves Dias, um pai explica ao filho como se comporta um guerreiro no momento da morte. Esse conselho demonstra que os românticos viam os índios
a) como retrato de uma sociedade em crise, pois eles estavam sendo dizimados pelos colonizadores europeus, que tinham grande poder militar.   
b) de modo cruel, uma vez que, em lugar de criticar as constantes lutas entre tribos rivais, eles preferiam falar dos aspectos positivos da violência.   
c) de modo idealizado, com valores próximos aos das Cruzadas europeias, quando era nobre morrer por uma causa considerada justa.   
d) como símbolos de um país que surgia, sem nenhuma influência dos valores europeus e celebrando apenas os costumes dos povos nativos da América.   
e) com base no mito do “bom selvagem”, mostrando que eles nunca entravam em conflitos entre si.   
  
5. (Unicamp 2013)  Leia os seguintes trechos de Viagens na minha terra e de Memórias Póstumas de Brás Cubas:

Benévolo e paciente leitor, o que eu tenho decerto ainda é consciência, um resto de consciência: acabemos com estas digressões e perenais divagações minhas.

(Almeida Garrett, Viagens na minha terra. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1969, p.187.)

Neste despropositado e inclassificável livro das minhas Viagens, não é que se quebre, mas enreda-se o fio das histórias e das observações por tal modo, que, bem o vejo e o sinto, só com muita paciência se pode deslindar e seguir em tão embaraçada meada.

(Idem, p. 292.)

Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo, por que o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, em Romances, vol I. Rio de Janeiro: Garnier, 1993, p. 140.)

a) No que diz respeito à forma de narrar, que semelhanças entre os dois livros são evidenciadas pelos trechos acima?
b) Que tipo de leitor esta forma de narrar procura frustrar, e de que maneira esse leitor é tratado por ambos os narradores?
  
6. (Fuvest 2013)  Leia com atenção o trecho de Til, de José de Alencar, para responder ao que se pede.

[Berta] — Agora creio em tudo no que me disseram, e no que se pode imaginar de mais horrível. Que assassines por paga a quem não te fez mal, que por vingança pratiques crueldades que espantam, eu concebo; és como a suçuarana, que às vezes mata para estancar a sede, e outras por desfastio entra na mangueira e estraçalha tudo. Mas que te vendas para assassinar o filho de teu benfeitor, daquele em cuja casa foste criado, o homem de quem recebeste o sustento; eis o que não se compreende; porque até as feras lembram-se do benefício que se lhes fez, e têm um faro para conhecerem o amigo que as salvou.
[Jão] — Também eu tenho, pois aprendi com elas; respondeu o bugre; e sei me sacrificar por aqueles que me querem. Não me torno, porém, escravo de um homem, que nasceu rico, por causa das sobras que me atirava, como atiraria a qualquer outro, ou a seu negro. Não foi por mim que ele fez isso; mas para se mostrar ou por vergonha de enxotar de sua casa a um pobre-diabo. A terra nos dá de comer a todos e ninguém se morre por ela.
[Berta] — Para ti, portanto, não há gratidão?
[Jão] — Não sei o que é; demais, Galvão já pôs-me quites dessa dívida da farinha que lhe comi. Estamos de contas justas! acrescentou Jão Fera com um suspiro profundo.

a) Nesse trecho, Jão Fera refere-se de modo acerbo a uma determinada relação social (aquela que o vinculara, anteriormente, ao seu “benfeitor”, conforme diz Berta), revelando o mal-estar que tal relação lhe provoca. Que relação social é essa e em que consiste o mal-estar que lhe está associado?
b) A fala de Jão Fera revela que, no contexto sócio-histórico em que estava inserido, sua posição social o fazia sentir-se ameaçado de ser identificado com um outro tipo social — identificação, essa, que ele considera intolerável. De que identificação se trata e por que Jão a abomina? Explique sucintamente.  
  
7. (Unicamp 2013)  Leia.

– (...) Quando o Bugre sai da furna, é mau sinal: vem ao faro do sangue como a onça. Não foi debalde que lhe deram o nome que tem. E faz garbo disso!
– Então você cuida que ele anda atrás de alguém?
– Sou capaz de apostar. É uma coisa que toda a gente sabe. Onde se encontra Jão Fera, ou houve morte ou não tarda.
Estremeceu Inhá com um ligeiro arrepio, e volvendo em torno a vista inquieta, aproximou-se do companheiro para falar-lhe em voz submissa:
– Mas eu tenho-o encontrado tantas vezes, aqui perto, quando vou à casa de Zana, e não apareceu nenhuma desgraça.
– É que anda farejando, ou senão deram-lhe no rasto e estão-lhe na cola.
– Coitado! Se o prendem!
– Ora qual. Dançará um bocadinho na corda!
– Você não tem pena?
– De um malvado, Inhá!
– Pois eu tenho!

(José de Alencar, Til, em Obra completa, vol. III. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958, p. 825.)

O trecho do romance Til transcrito acima evidencia a ambivalência que caracteriza a personagem Jão Fera ao longo de toda a narrativa.

a) Explicite quais são as duas faces dessa ambivalência.
b) Exemplifique cada face dessa ambivalência com um episódio do romance.
  
8. (Ufg 2013)  Leia os poemas apresentados a seguir.

MALVA-MAÇÃ

A P...

De teus seios tão mimosos
Quem gozasse o talismã!
Quem ali deitasse a fronte
Cheia de amoroso afã!
E quem nele respirasse
A tua malva-maçã!

Dá-me essa folha cheirosa
Que treme no seio teu!
Dá-me a folha… hei de beijá-la
Sedenta no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
Tua malva emurcheceu...

[...]

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 269.

Há uma flor que está em redor de mim,
uma flor que nasce nos cabelos da aurora
e desce sobre as águas e os ombros
de todos nós. Não, não quero amar
senão a natureza quando ela se abre
como uma flor e suas corolas à madrugada;
eu não quero amar, senão a mulher
que está em redor de mim, a mulher
que me acolhe com seus braços
e me oferece o que há de mais íntimo,
a sua pérola e sonho à madrugada.

GARCIA, José Godoy. Poesia. Brasília: Thesaurus, 1999. p. 153.

Nos poemas transcritos, a representação da figura feminina se assemelha por apresentar
a) a sensualidade da mulher metaforizada pelos elementos da natureza.   
b) a idealização de uma mulher única enfatizada pela fidelidade do eu lírico.   
c) o distanciamento da mulher exemplificado por sua indiferença aos apelos do eu lírico.   
d) a simplicidade da mulher evidenciada por suas qualidades morais.   
e) o exotismo da mulher emoldurado pela descrição de um cenário idílico.   
  
9. (Ufpa 2013)  Gonçalves Dias foi considerado um dos maiores expoentes da literatura romântica brasileira. Procurando seguir os preceitos do romantismo, intencionou produzir uma poesia capaz de exprimir a independência literária do Brasil. Na condição de poeta, dedicou-se a vários gêneros literários, entre eles à poesia lírica e à poesia indianista. Leia atentamente as estrofes 4, 5, 6 e 7 do canto IV do poema I Juca Pirama, de Gonçalves Dias:

Andei longes terras,
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimorés;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes – escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.

E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
Aos golpes do imigo
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo,
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.

Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!

Glossário:
Aimorés: índios botocudos que habitavam o estado da Bahia e do Espírito Santo;
Timbiras: Tapuias que habitavam o interior do Maranhão;
Ignavos: fracos, covardes;
Piaga: pajé, chefe espiritual;
Maracá: chocalho indígena utilizado em festas religiosas e cerimônias guerreiras;
Talados: devastados;
Acerbo: terrível, cruel;
Ínvios: intransitáveis.


Tendo em vista as estrofes acima transcritas, é correto afirmar que
a) o índio Tupi descreve as vitórias de sua tribo sobre o colonizador europeu.   
b) o ritual antropofágico é representado como uma manifestação da barbárie indígena.   
c) a submissão das nações indígenas pelo homem branco é considerada um processo natural e desejável para o progresso da nova nação independente.   
d) o ponto de vista a partir do qual se elabora o poema é o do europeu português, que condena as práticas bárbaras e violentas das nações indígenas brasileiras.   
e) as práticas colonizadoras portuguesas que levaram ao quase extermínio da nação Tupi são julgadas do ponto de vista do próprio índio.   
  
10. (Fuvest 2013)  Os momentos históricos em que se desenvolvem os enredos de Viagens na minha terra, Memórias de um sargento de milícias e Memórias póstumas de Brás Cubas (quanto a este último, em particular no que se refere à primeira juventude do narrador) são, todos, determinados de modo decisivo por um antecedente histórico comum – menos ou mais imediato, conforme o caso. Trata-se da
a) invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas.   
b) turbulência social causada pelas revoltas regenciais.   
c) volta de D. Pedro I a Portugal.   
d) proclamação da independência do Brasil.   
e) antecipação da maioridade de D. Pedro II.   
  
11. (Unicamp 2013)  Em uma passagem célebre de Memórias de um sargento de milícias, pode-se ler, a respeito da personagem de Leonardo Pataca, que “o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo”. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978, p. 19.)

a) De que maneira a passagem acima explicita o lugar peculiar ocupado pelo livro de Manuel Antônio de Almeida no Romantismo brasileiro?
b) Como essa peculiaridade do livro se manifesta, de maneira geral, na caracterização das personagens e na construção do enredo?
  
12. (Ufpa 2013)  O romantismo brasileiro, ao elaborar um projeto literário que se propunha a expressar elementos identitários com função simbólica de representar a nação, serviu de esteio à formação do Estado Nacional recém constituído com a Independência. O índio e a natureza foram, a princípio, os dois principais elementos que serviram a essa função, tornando-se tema e motivo do fazer literário, conforme se observa no que hoje denominamos literatura de cunho indianista. Um dos mais consagrados romancistas do período romântico, José de Alencar, dedicou-se não apenas ao romance indianista, como também ao romance urbano e/ou de costumes. A pata da gazela faz parte desse último grupo, situando a narrativa no ambiente de corte do Rio de Janeiro.
Com base na leitura do romance A pata da gazela e nas considerações acima, é correto afirmar:
a) O romance A pata da gazela aborda um tema frequente na prosa de ficção romântica de matiz urbano e de costumes: o adultério e suas consequências nefastas à vida em sociedade.   
b) No romance A pata da gazela, percebe-se a presença marcante do elemento servil, o que demonstra o interesse de José de Alencar em denunciar, nessa obra em particular, as mazelas da escravidão no Brasil Imperial. (elemento servil: escravo; mazelas: chaga, ferida, moléstia)   
c) N’ A pata da gazela, a busca de Horácio pela dona dos pés que calçaram a bota perdida encontrada por ele na rua é um pretexto para o autor discutir um tema caro ao romantismo: a oposição entre as relações afetivas movidas pelo amor e aquelas movidas pelo interesse de natureza material, ainda que esse interesse não seja tão somente de ordem financeira, mas também de ordem física, ou seja, associado à beleza corporal.   
d) Em A pata da Gazela, José de Alencar dedica atenção especial à descrição da natureza brasileira, centrando o foco da ação nos arredores mais remotos do Rio de Janeiro.   
e) No desfecho do romance A pata da gazela, Horácio lê uma fábula de La Fontaine denominada “Leão Amoroso” e conclui que, de fato, “o leão deixou que lhe cerceassem as garras; foi esmagado pela pata da gazela”. O episódio faz referência explícita ao fato de o personagem finalmente ter conquistado Amélia, cuja alma virtuosa compensava o fato de essa jovem possuir pés tenebrosos.   
  
13. (Fuvest 2013)  Em Viagens na minha terra, assim como em
a) Memórias de um sargento de milícias, embora se situem ambas as obras no Romantismo, criticam-se os exageros de idealização e de expressão que ocorrem nessa escola literária.   
b) A cidade e as serras, a preferência pelo mundo rural português tem como contraponto a ojeriza às cidades estrangeiras – Paris, em particular.   
c) Vidas secas, os discursos dos intelectuais são vistos como “a prosa vil da nação”, ao passo que a sabedoria popular “procede da síntese transcendente, superior e inspirada pelas grandes e eternas verdades”.   
d) Memórias póstumas de Brás Cubas, a prática da divagação e da digressão exerce sobre todos os valores uma ação dissolvente, que culmina, em ambos os casos, em puro niilismo.   
e) O cortiço, manifestam-se, respectivamente, tanto o antibrasileirismo do escritor português quanto o antilusitanismo do seu par brasileiro, assim como o absolutismo do primeiro e o liberalismo do segundo.   
  
14. (Fuvest 2013)  Embora seja, com frequência, irônico a respeito do livro e de si mesmo, o narrador das Viagens na minha terra não deixa de declarar ao leitor que essa obra é “primeiro que tudo”, “um símbolo”, na medida em que, diz ele, “uma profunda ideia (...) está oculta debaixo desta ligeira aparência de uma viagenzita que parece feita a brincar, e no fim de contas é uma coisa séria, grave, pensada (...)”.

Tendo em vista essas declarações do narrador e considerando a obra em seu contexto histórico e literário, responda ao que se pede.
a) Do ponto de vista da história social e política de Portugal, o que está simbolizado nessa viagem?
b) Considerada, agora, do ponto de vista da história literária, o que essa obra de Garrett representa na evolução da prosa portuguesa? Explique resumidamente.  
  
15. (Ufg 2013)  Leia o fragmento do poema apresentado a seguir.

SPLEEN E CHARUTOS

I
SOLIDÃO

[…]

As árvores prateiam-se na praia,
Qual de uma fada os mágicos retiros...
Ó lua, as doces brisas que sussurram
Coam dos lábios teus como suspiros!

Falando ao coração que nota aérea
Deste céu, destas águas se desata?
Canta assim algum gênio adormecido
Das ondas moças no lençol de prata?

Minh’alma tenebrosa se entristece,
É muda como sala mortuária...
Deito-me só e triste, sem ter fome
Vejo na mesa a ceia solitária.

Ó lua, ó lua bela dos amores,
Se tu és moça e tens um peito amigo,
Não me deixes assim dormir solteiro,
À meia-noite vem cear comigo!

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 232.

Fenômeno recorrente na estética romântica, o processo de adjetivação permite ao eu lírico, no poema transcrito,
a) intensificar sua tristeza, ressaltando uma perspectiva pessimista da vida.   
b) demarcar sua individualidade, expressando seu estado de espírito.   
c) detalhar suas intenções amorosas, nomeando seus sentimentos.   
d) descrever as coisas circundantes, apresentando uma visão objetiva da realidade.   
e) revelar um sentimento platônico, enumerando as qualidades da amada.   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
V – O samba

À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. (...)

José de Alencar, Til.

(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.  


16. (Fuvest 2013)  Ao comentar o romance Til e, inclusive, a cena do capítulo “O samba”, aqui reproduzida, Araripe Jr., parente do autor e estudioso de sua obra, observou que esses são provavelmente os textos em que Alencar “mais se quis aproximar dos padrões” de uma “nova escola”, deixando, neles, reconhecível que, “no momento” em que os escreveu, “algum livro novo o impressionara, levando-o pelo estímulo até superfetar* a sua verdadeira índole de poeta”. Alguns dos procedimentos estilísticos empregados na cena aqui reproduzida indicam que a “nova escola” e o “livro novo” a que se refere o crítico pertencem ao que historiadores da literatura chamaram de

(*) “superfetar” = exceder, sobrecarregar, acrescentar-se (uma coisa a outra).
a) Romantismo-Condoreirismo.   
b) Idealismo-Determinismo.   
c) Realismo-Naturalismo.   
d) Parnasianismo-Simbolismo.   
e) Positivismo-Impressionismo.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Morro da Babilônia

À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua geral).

Quando houve revolução, os soldados se espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.

Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.  


17. (Fuvest 2013)  Guardadas as diferenças que separam as obras a seguir comparadas, as tensões a que remete o poema de Drummond derivam de um conflito de
a) caráter racial, assim como sucede em A cidade e as serras.   
b) grupos linguísticos rivais, de modo semelhante ao que ocorre em Viagens na minha terra.   
c) fundo religioso e doutrinário, como o que agita o enredo de Til.   
d) classes sociais, tal como ocorre em Capitães da areia.   
e) interesses entre agregados e proprietários, como o que tensiona as Memórias póstumas de Brás Cubas.   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.

(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)  


18. (Unifesp 2013)  Levando em conta o contexto em que floresceu a literatura romântica, as informações textuais refletem, com
a) ufanismo, uma vida social de bem-aventurança.   
b) desprezo, a cultura de uma sociedade poderosa.   
c) entusiasmo, uma sociedade frívola e hipócrita.   
d) nostalgia, os valores de uma sociedade decadente.   
e) amenidade, uma visão otimista da realidade social.   
  
19. (Unifesp 2013)  Assinale a alternativa em que a eliminação do pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do sujeito do verbo.
a) Ali vê-se um ataviado dandy [...].   
b) [...] aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos [...].   
c) O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo [...].   
d) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente [...].   
e) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala [...].   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
PREFÁCIO

São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor.
É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.
Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois raios luminosos do coração de Deus.

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.  


20. (Ufg 2013)  Se ao invés de usar períodos compostos como em “É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.”, o autor tivesse escolhido períodos simples: “É uma lira sem cordas. É uma primavera sem flores. É uma coroa de folhas sem viço.”, a imagem construída a respeito de sua obra não seria a mesma, porque
a) o pressuposto produzido pelo uso do termo sem indica a impossibilidade de os poemas retratarem a completude das coisas do mundo.   
b) a oposição entre os objetos naturais e os produzidos pelo homem autoriza a interpretação de que a natureza seja a musa inspiradora dos poemas.   
c) o subentendido produzido pelo uso do mas leva o leitor ao entendimento de que a obra é comparada a produções rudimentares.   
d) a contradição marcada pelo uso do mas permite a compreensão de que a essência das coisas se mantém mesmo quando lhes falta o atributo principal.   
e) a antítese instaurada na comparação entre realidade e ficção produz a ideia de que a poesia deva realçar a aparência das coisas.   
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 [B]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
O romance “Til” retrata a linguagem e os costumes da vida rural na época em que foi lançado, 1872, com enredo ambientado na região de Piracicaba. Em alguns momentos e sempre sob a vigilância de seus senhores, os africanos e seus descendentes aproveitavam alguns episódios da tradição judaico-católica para celebrar os eventos que marcavam a sua própria cultura, de que são exemplos a congada e o lundu. Para os senhores e autoridades coloniais, isso estabelecia a segurança de que os escravos e libertos tinham aderido ao catolicismo e para os africanos, servia para usufruírem de um momento de liberdade, ainda que temporária, e afirmarem sua própria história e cultura. Assim, é correta a alternativa [B].

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
No Brasil, assim como no Cariba e nas “colônias do sul” da América do Norte teve grande intensidade. O braço escravo foi determinante na produção e sua exploração, extrema. O sincretismo cultural pode ser percebido desde os primórdios da colonização e foi mais intenso nas áreas canavieiras do nordeste. O narrador não faz referências aos elementos religiosos e à mentalidade capitalista do século XIX aliada às pressões da Inglaterra foram determinantes para a substituição gradual do trabalho escravo pelo trabalho livre nos cafezais.  

Resposta da questão 2:
 [D]

As alternativas [A], [B] e [C] são incorretas. Em [A] e [B], as referências dizem respeito ao Romantismo e Naturalismo, respectivamente, movimentos estético-literários que aconteceram em contextos históricos anteriores ao da “belle époque”. Em [C], faz-se referência à segunda fase do Modernismo no Brasil, posterior, portanto, à “belle époque”. Assim, é correta apenas a alternativa [D], que caracteriza o Pré-Modernismo no Brasil o qual abre espaço aos movimentos artísticos vanguardistas do início do século XX.  

Resposta da questão 3:
 [E]

O eu lírico de Canção do Tamoio defende a morte honrosa em nome de um ideal, o que corresponde ao verso “E, se um dia ele cai, cai bem!”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell.  

Resposta da questão 4:
 [C]

O trecho de Canção do Tamoio exulta a coragem que o índio deve manter mesmo no momento em que a fortuna trai seus passos: os feitos devem ser recordados para, em seguida, morrer em glória. Tal idealização moral corresponde ao ideário das Cruzadas, em que os guerreiros davam a própria vida em nome da causa que defendiam.  

Resposta da questão 5:
 a) Em ambos os textos, os narradores em 1ª pessoa estabelecem diálogo com o leitor (“Benévolo e paciente leitor”, “o maior defeito deste livro és tu, leitor”), usam o recurso da função metalinguística (“Neste despropositado e inclassificável livro das minhas Viagens”, “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica”) e desviam-se da narrativa cronológica para abrirem espaço a digressões (“acabemos com estas digressões e perenais divagações minhas”, “este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem”).
b) O leitor é tratado de forma respeitosa no excerto de Almeida Garrett e irônica no de Machado de Assis. Ambos deduzem que o público da época preferia a narrativa linear, com recursos técnicos facilitadores de leitura, desenvolvimento de tramas que provocassem as emoções até um clímax e conduzissem a um final previsível.  

Resposta da questão 6:
 a) A sociedade retratada em “Til” está estruturada basicamente em duas camadas sociais: os grandes latifundiários e os escravos com a gente humilde do campo. Os personagens que habitam na Fazenda das Palmas estão submetidos ao poder de Luís Galvão, representante de uma aristocracia rural a quem todos devem obrigações e favores. Jão Fera reconhece as limitações impostas pela sua condição de agregado que vive da caridade do seu “benfeitor” e se vê obrigado a uma subserviência humilhante para poder sobreviver.
b) Jão Fera não admitia ser identificado com o escravo negro, por isso prefere o trabalho de capanga dos ricos ao do trabalho na lavoura, típico da ralé.   

Resposta da questão 7:
 a) Jão Fra era um facínora temido por todos (“Onde se encontra Jão Fera, ou houve morte ou não tarda”), mas despertava piedade em Berta, como se depreende do diálogo de Miguel com Berta: “– Você não tem pena?/– De um malvado, Inhá!/– Pois eu tenho!”.
b) Jão Fra revela gratidão a Luís Galvão, mostra coragem e generosidade na proteção a Berta e, no final da narrativa, arrependimento pela crueldade dos seus atos. Mas também era um assassino profissional a ponto de ser contratado para matar Luís Galvão e acabar com o mandante de forma cruel.  

Resposta da questão 8:
 [A]

No primeiro poema, o próprio título e os versos (“E quem nele respirasse/A tua malva-maçã!”, “Dá-me essa folha cheirosa/Que treme no seio teu!”) associam metaforicamente a sensualidade da mulher a elementos da natureza. O mesmo acontece no segundo, através dos versos: “Há uma flor que está em redor de mim”, “Não, não quero amar/senão a natureza/quando ela se abre/como uma flor e suas corolas à madrugada”. Assim, é correta a alternativa [A].  

Resposta da questão 9:
 [E]

As estrofes do poema ”I Juca Pirama” descrevem a derrota da tribo Tupi face às agressões do colonizador europeu e a submissão a que foi sujeita perante a força do opressor, o que torna inadequadas as alternativas [A] e [C]. Também não existe, no excerto do poema, nenhuma referência a ritual antropofágico e o ponto de vista a partir do qual se elabora o poema é o do próprio índio, ao contrário do que afirma em [B] e [C], respectivamente. Assim, é correta apenas a alternativa [E].  

Resposta da questão 10:
 [A]

Os momentos históricos em que se desenvolvem os enredos de “Viagens na minha terra”, “Memórias de um sargento de milícias” e “Memórias póstumas de Brás Cubas” estão relacionados com a invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas. No primeiro, exibem-se os conflitos de uma sociedade em crise que se dividia entre o absolutismo de teor nacionalista e o liberalismo, associado por muitos ao país invasor e por isso considerado antinacionalista. Em “Memórias de um sargento de milícias”, relatam-se os costumes do Rio Colonial na época de D. João VI, momento em que a corte real portuguesa se refugiou no Brasil para evitar a rendição às tropas francesas.  Em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, o narrador relata que, durante a sua infância, eram frequentes debates familiares sobre o referido tema. Assim, é correta a opção [A].  

Resposta da questão 11:
 a) A forma irônica como o narrador se refere a Leonardo Pataca (“o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo”) estabelece uma ruptura com as características do estilo romântico predominante na época da publicação dos folhetins, que seriam reunidos mais tarde em livro sob o título “Memórias de um sargento de milícias”. O excesso de emotividade típico do Romantismo é ridicularizado quando o narrador usa o termo “babão” para caracterizar a pessoa que se declara fortemente apaixonada por outra. Desta forma, a obra apresenta elementos excêntricos ao painel literário do Romantismo brasileiro.
b) Muitas personagens são alegorias, representações simbólicas do tipo de gente da época, classe média-baixa que tenta driblar as dificuldades de sobrevivência do dia a dia com pequenas contravenções morais e éticas, ao contrário do que acontece no Romantismo convencional em que o protagonista é de origem social elevada e tem comportamento moral e ético irrepreensíveis. A supressão de etapas narrativas, oscilação de foco narrativo, a presença de metalinguagem, o diálogo com o leitor e o uso de linguagem objetiva de cunho jornalístico permitem classificar esta obra como uma novela de tom humorístico, crônica de costumes do Rio Colonial, na época de D. João VI.  

Resposta da questão 12:
 [C]

As alternativas [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois:

[A] nem é a prosa romântica que aborda o tema do adultério, mas sim a realista, nem  o romance “A pata da gazela” aborda o adultério, pois narra apenas às atribulações de personagens que se envolvem em um  triângulo amoroso, ao gosto do público leitor da época;
[B] não existe intenção de denunciar as mazelas da escravidão;
[D] o foco da ação centra-se na alta roda carioca;
[E] Amélia, mulher rica e bela, era a dona dos pés divinos, o que Leopoldo descobre só depois de ter casado com ela.

Assim, é correta apenas a alternativa [C].  

Resposta da questão 13:
 [A]

As opções [B], [C], [D] e [E] são incorretas, pois em “Viagens na minha terra”, de Almeida Garrett, não se manifesta

[B] aversão às cidades estrangeiras;
[C] oposição de discurso de intelectuais à estratégia de sobrevivência dos retirantes de “Vidas Secas”, cuja “sabedoria” não é fundada em análises filosóficas nem existenciais, mas sim primária e instintiva;
[D] postura niilista semelhante à de alguns capítulos de “Memórias póstumas de Brás Cubas”;
[E] não existe antibrasileirismo e seu autor reflete através do personagem Carlos os conceitos do liberalismo.

Assim, é correta apenas [A].   

Resposta da questão 14:
 a) A obra "Viagens na Minha Terra" de Almeida Garrett estabelece um paralelo com os eventos históricos e sociais que explicam a decadência do império português. Assim, os personagens deixam transparecer a crise de valores que assolava a sociedade da época, como o apego à materialidade em ações que buscassem compensação imediata, sem preocupação com futuras consequências. Frei Dinis e Carlos representam, respectivamente, o Portugal conservador e absolutista dos miguelistas e o espírito renovador dos liberais que pretendiam o restauro das soluções constitucionais de 1822.
b) A oscilação do foco narrativo, a variação de gêneros dentro da narrativa, a digressão, a metalinguagem, os diálogos informais com o leitor, o uso de variantes da linguagem e a forte expressividade de descrições permitem considerar a obra “Viagens na minha terra” como o marco inicial da prosa moderna da prosa portuguesa, antecipadora do Realismo de Eça de Queirós.   

Resposta da questão 15:
 [B]

O processo de adjetivação, para os poetas românticos, conferia subjetividade aos versos, permitindo a demarcação da individualidade do poeta, como em: “Minh’alma tenebrosa se entristece, / É muda como sala mortuária...”.  

Resposta da questão 16:
 [C]

Araripe Jr. refere-se à escola naturalista em cujos romances se refletia a filosofia determinista que analisava a sociedade sob a óptica do instinto, do fisiológico e do natural, do erotismo e da violência que compõem a personalidade humana. A zoomorfização das personagens presentes no capítulo “O samba” aludem a esse novo estilo: “pincham à guisa de sapos em roda do terreiro”, “começou de rabanar como um peixe em seco”. Assim, é correta a opção [C].  

Resposta da questão 17:
 [D]

Apenas no romance “Capitães da Areia” as tensões sociais entre ricos e pobres se aproximam das sugeridas nos versos de Drummond, como se afirma em [D].  

Resposta da questão 18:
 [E]

Publicado em 1844, o romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, atende ao interesse do público leitor da época, constituído sobretudo por uma burguesia alienada e ávida por uma literatura que correspondesse às projeções dos seus anseios pessoais em frequentar ambientes luxuosos e conviver com a nata da sociedade. Assim, as descrições detalhadas do sarau e a idealização dos personagens ofereciam condições e qualidades que despertavam  sensação de prazer e bem-estar, expressando uma visão otimista da realidade social, como se afirma em [E].  

Resposta da questão 19:
 [A]

Na opção [A], existe uma frase em que a partícula “se” é pronome apassivador de uma oração na voz passiva sintética, sendo “um ataviado dandy”, o seu sujeito. Se o pronome fosse eliminado (Ali vê um ataviado dandy), o sujeito passaria a ser elíptico (ele, ela) e “ataviado dandy”, o objeto direto do verbo ver.  

Resposta da questão 20:
 [D]

A conjunção adversativa “mas” tem o propósito de introduzir um argumento que restringe o que foi dito ou um argumento que funciona como ressalva ao que foi enunciado antes. Assim, é correta a alternativa [D], pois, se o autor usasse períodos simples, não seria passível de deduzir que “a essência das coisas se mantém mesmo quando lhes falta o atributo principal

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