V – O samba
À direita do
terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes
recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo
vento.
(...)
É aí o quartel ou
quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes
com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça
d’armas.
Em torno da
fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam
os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se
imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou
se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham
à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai,
negro fornido, que não sabendo mais como TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
desconjuntar-se,
atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. (...)
José de
Alencar, Til.
(*) “adumbra-se” =
delineia-se, esboça-se.
1.
(Fuvest 2013) Considerada no contexto
histórico a que se refere Til, a desenvoltura com que os
escravos, no excerto, se entregam à dança é representativa do fato de que
a) a escravidão, no Brasil,
tal como ocorreu na América do Norte e no Caribe, foi branda.
b) se permitia a eles, em
ocasiões especiais e sob vigilância, que festejassem a seu modo.
c) teve início nas fazendas de
café o sincretismo das culturas negra e branca, que viria a caracterizar a
cultura brasileira.
d) o narrador entendia que o
samba de terreiro era, em realidade, um ritual umbandista disfarçado.
e) foi a generalização, entre
eles, do alcoolismo, que tornou antieconômica a exploração da mão de obra
escrava nos cafezais paulistas.
2.
(Acafe 2014) Considerando o contexto
histórico descrito no texto a seguir, assinale a alternativa correta quanto
à produção literária no Brasil.
“Na Europa, a
segunda Revolução Industrial promovera modificações profundas. Inovações
tecnológicas desenvolveram a produção em massa de bens diversos. As cidades cresceram muito (em detrimento do
campo), e formou-se um proletariado que logo começou a organizar-se
politicamente. E, dentro desse contexto, as artes mudaram: a belle époque
assiste a uma sucessão de movimentos artísticos revolucionários.”
(LAFETÁ, 1982,
p. 99)
a) Na literatura rompeu-se com
a tradição clássica, imposta pelo período árcade, e apresentaram- se novas
concepções literárias, dentre as quais podem ser apontadas: a observação das
condições do estado de alma, das emoções, da liberdade, desabafos sentimentais,
valorização do índio, a manifestação do poder de Deus através da natureza acolhedora
ao homem, a temática voltada para o amor, para a saudade, o subjetivismo.
b) Os escritores brasileiros
abordaram a realidade social do país, destacando a vida nos cortiços, o
preconceito, a diferenciação social, entre outros temas. O homem é encarado
como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a
ser comparado com os animais (zoomorfização).
c) O romance focou o
regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a
migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram
ressaltados. Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas;
surgiu o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa
surrealista.
d) As características comuns
às obras literárias brasileiras desse período são: a ruptura com a linguagem
pomposa parnasiana; a exposição da realidade social brasileira; o regionalismo;
a marginalidade exposta nas personagens e associação aos fatos políticos,
econômicos e sociais.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Utilize os textos
abaixo para responder à(s) questão(ões).
Texto 1
Canção do tamoio
(...) Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do imigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranquilo nos gestos,
Impávido, audaz.
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão. (...)
(Gonçalves Dias)
|
Texto 2
Berimbau
Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem.
Quem diz muito que vai não vai
E, assim como não vai, não vem.
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém,
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem,
Capoeira que é bom não cai
E, se um dia ele cai, cai bem!
(Vinicius de Moraes e
Baden Powell)
|
3.
(Insper 2014) O modo como a morte é
figurativizada no fragmento de Gonçalves Dias é semelhante ao seguinte verso da
canção de Vinicius e Baden:
a) O amor que lhe quer seu bem
b) Vai morrer sem amar ninguém
c) O dinheiro de quem não dá
d) É o trabalho de quem não
tem
e) E, se um dia ele cai, cai
bem!
4.
(Insper 2014) No fragmento poético de
Gonçalves Dias, um pai explica ao filho como se comporta um guerreiro no
momento da morte. Esse conselho demonstra que os românticos viam os índios
a) como retrato de uma
sociedade em crise, pois eles estavam sendo dizimados pelos colonizadores
europeus, que tinham grande poder militar.
b) de modo cruel, uma vez que,
em lugar de criticar as constantes lutas entre tribos rivais, eles preferiam
falar dos aspectos positivos da violência.
c) de modo idealizado, com
valores próximos aos das Cruzadas europeias, quando era nobre morrer por uma
causa considerada justa.
d) como símbolos de um país
que surgia, sem nenhuma influência dos valores europeus e celebrando apenas os
costumes dos povos nativos da América.
e) com base no mito do “bom
selvagem”, mostrando que eles nunca entravam em conflitos entre si.
5.
(Unicamp 2013) Leia os seguintes trechos
de Viagens na minha terra e de Memórias Póstumas de Brás Cubas:
Benévolo e paciente leitor, o que eu tenho
decerto ainda é consciência, um resto de consciência: acabemos com estas
digressões e perenais divagações minhas.
(Almeida
Garrett, Viagens na minha terra. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,
1969, p.187.)
Neste despropositado e inclassificável livro
das minhas Viagens, não é que se quebre, mas enreda-se o fio das
histórias e das observações por tal modo, que, bem o vejo e o sinto, só com
muita paciência se pode deslindar e seguir em tão embaraçada meada.
(Idem, p. 292.)
Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro,
traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo, por que o maior
defeito deste livro és tu, leitor. Tens pressa de envelhecer, e o livro anda
devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e
este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda,
andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...
(Machado de
Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, em Romances, vol I. Rio
de Janeiro: Garnier, 1993, p. 140.)
a) No que diz respeito à forma de narrar,
que semelhanças entre os dois livros são evidenciadas pelos trechos acima?
b) Que tipo de leitor esta forma de narrar
procura frustrar, e de que maneira esse leitor é tratado por ambos os
narradores?
6.
(Fuvest 2013) Leia com atenção o trecho
de Til, de José de Alencar, para responder ao que se pede.
[Berta] — Agora creio em tudo no que me
disseram, e no que se pode imaginar de mais horrível. Que assassines por paga a
quem não te fez mal, que por vingança pratiques crueldades que espantam, eu
concebo; és como a suçuarana, que às vezes mata para estancar a sede, e outras
por desfastio entra na mangueira e estraçalha tudo. Mas que te vendas para
assassinar o filho de teu benfeitor, daquele em cuja casa foste criado, o homem
de quem recebeste o sustento; eis o que não se compreende; porque até as feras
lembram-se do benefício que se lhes fez, e têm um faro para conhecerem o amigo
que as salvou.
[Jão] — Também eu tenho, pois aprendi com
elas; respondeu o bugre; e sei me sacrificar por aqueles que me querem. Não me
torno, porém, escravo de um homem, que nasceu rico, por causa das sobras que me
atirava, como atiraria a qualquer outro, ou a seu negro. Não foi por mim que
ele fez isso; mas para se mostrar ou por vergonha de enxotar de sua casa a um
pobre-diabo. A terra nos dá de comer a todos e ninguém se morre por ela.
[Berta] — Para ti, portanto, não há
gratidão?
[Jão] — Não sei o que é; demais, Galvão
já pôs-me quites dessa dívida da farinha que lhe comi. Estamos de contas
justas! acrescentou Jão Fera com um suspiro profundo.
a) Nesse trecho, Jão Fera refere-se de modo
acerbo a uma determinada relação social (aquela que o vinculara, anteriormente,
ao seu “benfeitor”, conforme diz Berta), revelando o mal-estar que tal relação
lhe provoca. Que relação social é essa e em que consiste o mal-estar que lhe
está associado?
b) A fala de Jão Fera revela que, no
contexto sócio-histórico em que estava inserido, sua posição social o fazia
sentir-se ameaçado de ser identificado com um outro tipo social — identificação,
essa, que ele considera intolerável. De que identificação se trata e por que
Jão a abomina? Explique sucintamente.
7. (Unicamp 2013) Leia.
– (...) Quando o Bugre sai da furna, é mau
sinal: vem ao faro do sangue como a onça. Não foi debalde que lhe deram o nome
que tem. E faz garbo disso!
– Então você cuida que ele anda atrás de
alguém?
– Sou capaz de apostar. É uma coisa que toda
a gente sabe. Onde se encontra Jão Fera, ou houve morte ou não tarda.
Estremeceu Inhá com um ligeiro arrepio, e
volvendo em torno a vista inquieta, aproximou-se do companheiro para falar-lhe
em voz submissa:
– Mas eu tenho-o encontrado tantas vezes,
aqui perto, quando vou à casa de Zana, e não apareceu nenhuma desgraça.
– É que anda farejando, ou senão deram-lhe
no rasto e estão-lhe na cola.
– Coitado! Se o prendem!
– Ora qual. Dançará um bocadinho na corda!
– Você não tem pena?
– De um malvado, Inhá!
– Pois eu tenho!
(José de
Alencar, Til, em Obra completa, vol. III. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1958, p. 825.)
O trecho do romance Til transcrito
acima evidencia a ambivalência que caracteriza a personagem Jão Fera ao longo
de toda a narrativa.
a) Explicite quais são as duas faces dessa
ambivalência.
b) Exemplifique cada face
dessa ambivalência com um episódio do romance.
8.
(Ufg 2013) Leia os poemas apresentados
a seguir.
MALVA-MAÇÃ
A P...
De teus seios tão mimosos
Quem gozasse o talismã!
Quem ali deitasse a fronte
Cheia de amoroso afã!
E quem nele respirasse
A tua malva-maçã!
Dá-me essa folha cheirosa
Que treme no seio teu!
Dá-me a folha… hei de beijá-la
Sedenta no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
Tua malva emurcheceu...
[...]
AZEVEDO,
Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de
Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 269.
Há uma flor que está em redor de mim,
uma flor que nasce nos cabelos da aurora
e desce sobre as águas e os ombros
de todos nós. Não, não quero amar
senão a natureza quando ela se abre
como uma flor e suas corolas à madrugada;
eu não quero amar, senão a mulher
que está em redor de mim, a mulher
que me acolhe com seus braços
e me oferece o que há de mais íntimo,
a sua pérola e sonho à madrugada.
GARCIA, José
Godoy. Poesia. Brasília: Thesaurus, 1999. p. 153.
Nos poemas transcritos, a representação da
figura feminina se assemelha por apresentar
a) a sensualidade da mulher
metaforizada pelos elementos da natureza.
b) a idealização de uma mulher
única enfatizada pela fidelidade do eu lírico.
c) o distanciamento da mulher
exemplificado por sua indiferença aos apelos do eu lírico.
d) a simplicidade da mulher
evidenciada por suas qualidades morais.
e) o exotismo da mulher
emoldurado pela descrição de um cenário idílico.
9. (Ufpa 2013) Gonçalves Dias foi considerado um dos
maiores expoentes da literatura romântica brasileira. Procurando seguir os
preceitos do romantismo, intencionou produzir uma poesia capaz de exprimir a
independência literária do Brasil. Na condição de poeta, dedicou-se a vários
gêneros literários, entre eles à poesia lírica e à poesia indianista. Leia
atentamente as estrofes 4, 5, 6 e 7 do canto IV do poema I Juca Pirama, de
Gonçalves Dias:
Andei longes terras,
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimorés;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes – escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
|
Aos golpes do imigo
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo,
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.
Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!
|
Glossário:
Aimorés: índios
botocudos que habitavam o estado da Bahia e do Espírito Santo;
Timbiras: Tapuias que
habitavam o interior do Maranhão;
Ignavos: fracos,
covardes;
Piaga: pajé, chefe
espiritual;
Maracá: chocalho indígena
utilizado em festas religiosas e cerimônias guerreiras;
Talados: devastados;
Acerbo: terrível,
cruel;
Ínvios:
intransitáveis.
Tendo em vista as estrofes acima transcritas, é correto afirmar que
a) o índio Tupi
descreve as vitórias de sua tribo sobre o colonizador europeu.
b) o ritual
antropofágico é representado como uma manifestação da barbárie indígena.
c) a submissão das
nações indígenas pelo homem branco é considerada um processo natural e
desejável para o progresso da nova nação independente.
d) o ponto de
vista a partir do qual se elabora o poema é o do europeu português, que condena
as práticas bárbaras e violentas das nações indígenas brasileiras.
e) as práticas
colonizadoras portuguesas que levaram ao quase extermínio da nação Tupi são
julgadas do ponto de vista do próprio índio.
10.
(Fuvest 2013) Os momentos históricos em
que se desenvolvem os enredos de Viagens na minha terra, Memórias
de um sargento de milícias e Memórias póstumas de Brás Cubas
(quanto a este último, em particular no que se refere à primeira juventude
do narrador) são, todos, determinados de modo decisivo por um antecedente
histórico comum – menos ou mais imediato, conforme o caso. Trata-se da
a) invasão de Portugal pelas
tropas napoleônicas.
b) turbulência social causada
pelas revoltas regenciais.
c) volta de D. Pedro I a
Portugal.
d) proclamação da
independência do Brasil.
e) antecipação da maioridade
de D. Pedro II.
11.
(Unicamp 2013) Em uma passagem célebre de Memórias
de um sargento de milícias, pode-se ler, a respeito da personagem de
Leonardo Pataca, que “o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se
dizia naquele tempo”. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de
milícias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978, p. 19.)
a) De que maneira a passagem acima explicita
o lugar peculiar ocupado pelo livro de Manuel Antônio de Almeida no Romantismo
brasileiro?
b) Como essa peculiaridade do livro se
manifesta, de maneira geral, na caracterização das personagens e na construção
do enredo?
12. (Ufpa 2013) O romantismo brasileiro, ao elaborar um
projeto literário que se propunha a expressar elementos identitários com função
simbólica de representar a nação, serviu de esteio à formação do Estado
Nacional recém constituído com a Independência. O índio e a natureza foram, a
princípio, os dois principais elementos que serviram a essa função, tornando-se
tema e motivo do fazer literário, conforme se observa no que hoje denominamos
literatura de cunho indianista. Um dos mais consagrados romancistas do período
romântico, José de Alencar, dedicou-se não apenas ao romance indianista, como
também ao romance urbano e/ou de costumes. A pata da gazela faz parte
desse último grupo, situando a narrativa no ambiente de corte do Rio de
Janeiro.
Com base na leitura do romance A pata da gazela e nas
considerações acima, é correto afirmar:
a) O romance A
pata da gazela aborda um tema frequente na prosa de ficção romântica de
matiz urbano e de costumes: o adultério e suas consequências nefastas à vida em
sociedade.
b) No romance A
pata da gazela, percebe-se a presença marcante do elemento servil, o que
demonstra o interesse de José de Alencar em denunciar, nessa obra em
particular, as mazelas da escravidão no Brasil Imperial. (elemento servil: escravo; mazelas:
chaga, ferida, moléstia)
c) N’ A pata da
gazela, a busca de Horácio pela dona dos pés que calçaram a bota perdida
encontrada por ele na rua é um pretexto para o autor discutir um tema caro ao
romantismo: a oposição entre as relações afetivas movidas pelo amor e aquelas
movidas pelo interesse de natureza material, ainda que esse interesse não seja
tão somente de ordem financeira, mas também de ordem física, ou seja, associado
à beleza corporal.
d) Em A pata da
Gazela, José de Alencar dedica atenção especial à descrição da natureza
brasileira, centrando o foco da ação nos arredores mais remotos do Rio de
Janeiro.
e) No desfecho do
romance A pata da gazela, Horácio lê uma fábula de La Fontaine
denominada “Leão Amoroso” e conclui que, de fato, “o leão deixou que lhe
cerceassem as garras; foi esmagado pela pata da gazela”. O episódio faz
referência explícita ao fato de o personagem finalmente ter conquistado Amélia,
cuja alma virtuosa compensava o fato de essa jovem possuir pés tenebrosos.
13.
(Fuvest 2013) Em Viagens na minha terra,
assim como em
a) Memórias de um sargento de
milícias,
embora se situem ambas as obras no Romantismo, criticam-se os exageros de
idealização e de expressão que ocorrem nessa escola literária.
b) A cidade e as serras, a preferência pelo mundo
rural português tem como contraponto a ojeriza às cidades estrangeiras – Paris,
em particular.
c) Vidas secas, os discursos dos
intelectuais são vistos como “a prosa vil da nação”, ao passo que a sabedoria
popular “procede da síntese transcendente, superior e inspirada pelas grandes e
eternas verdades”.
d) Memórias póstumas de Brás
Cubas, a
prática da divagação e da digressão exerce sobre todos os valores uma ação
dissolvente, que culmina, em ambos os casos, em puro niilismo.
e) O cortiço, manifestam-se,
respectivamente, tanto o antibrasileirismo do escritor português quanto o
antilusitanismo do seu par brasileiro, assim como o absolutismo do primeiro e o
liberalismo do segundo.
14.
(Fuvest 2013) Embora seja, com
frequência, irônico a respeito do livro e de si mesmo, o narrador das Viagens
na minha terra não deixa de declarar ao leitor que essa obra é “primeiro
que tudo”, “um símbolo”, na medida em que, diz ele, “uma profunda ideia (...)
está oculta debaixo desta ligeira aparência de uma viagenzita que parece feita
a brincar, e no fim de contas é uma coisa séria, grave, pensada (...)”.
Tendo em vista essas declarações do narrador
e considerando a obra em seu contexto histórico e literário, responda ao que se
pede.
a) Do ponto de vista da história social e
política de Portugal, o que está simbolizado nessa viagem?
b) Considerada, agora, do ponto de vista da
história literária, o que essa obra de Garrett representa na evolução da prosa
portuguesa? Explique resumidamente.
15.
(Ufg 2013) Leia o fragmento do poema
apresentado a seguir.
SPLEEN E CHARUTOS
I
SOLIDÃO
[…]
As árvores prateiam-se na praia,
Qual de uma fada os mágicos retiros...
Ó lua, as doces brisas que sussurram
Coam dos lábios teus como suspiros!
Falando ao coração que nota aérea
Deste céu, destas águas se desata?
Canta assim algum gênio adormecido
Das ondas moças no lençol de prata?
Minh’alma tenebrosa se entristece,
É muda como sala mortuária...
Deito-me só e triste, sem ter fome
Vejo na mesa a ceia solitária.
Ó lua, ó lua bela dos amores,
Se tu és moça e tens um peito amigo,
Não me deixes assim dormir solteiro,
À meia-noite vem cear comigo!
AZEVEDO,
Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de
Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 232.
Fenômeno recorrente na estética romântica, o
processo de adjetivação permite ao eu lírico, no poema transcrito,
a) intensificar sua tristeza,
ressaltando uma perspectiva pessimista da vida.
b) demarcar sua
individualidade, expressando seu estado de espírito.
c) detalhar suas intenções
amorosas, nomeando seus sentimentos.
d) descrever as coisas
circundantes, apresentando uma visão objetiva da realidade.
e) revelar um sentimento
platônico, enumerando as qualidades da amada.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
V – O samba
À direita do
terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes
recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo
vento.
(...)
É aí o quartel ou
quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes
com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça
d’armas.
Em torno da
fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam
os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se
imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até
os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das
raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda
do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não
sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar
como um peixe em seco. (...)
José de
Alencar, Til.
(*) “adumbra-se” =
delineia-se, esboça-se.
16.
(Fuvest 2013) Ao comentar o romance Til
e, inclusive, a cena do capítulo “O samba”, aqui reproduzida, Araripe Jr.,
parente do autor e estudioso de sua obra, observou que esses são provavelmente
os textos em que Alencar “mais se quis aproximar dos padrões” de uma “nova
escola”, deixando, neles, reconhecível que, “no momento” em que os escreveu,
“algum livro novo o impressionara, levando-o pelo estímulo até superfetar* a
sua verdadeira índole de poeta”. Alguns dos procedimentos estilísticos
empregados na cena aqui reproduzida indicam que a “nova escola” e o “livro
novo” a que se refere o crítico pertencem ao que historiadores da literatura
chamaram de
(*)
“superfetar” = exceder, sobrecarregar, acrescentar-se (uma coisa a outra).
a) Romantismo-Condoreirismo.
b) Idealismo-Determinismo.
c) Realismo-Naturalismo.
d) Parnasianismo-Simbolismo.
e) Positivismo-Impressionismo.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que
criam o terror
(terror urbano,
cinquenta por cento de cinema,
e o resto que
veio de Luanda ou se perdeu na língua geral).
Quando houve
revolução, os soldados se espalharam no morro,
o quartel pegou
fogo, eles não voltaram.
Alguns,
chumbados, morreram.
O morro ficou
mais encantado.
Mas as vozes do
morro
não são
propriamente lúgubres.
Há mesmo um
cavaquinho bem afinado
que domina os
ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós,
modesto e recreativo,
como uma
gentileza do morro.
Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.
17.
(Fuvest 2013) Guardadas as diferenças que
separam as obras a seguir comparadas, as tensões a que remete o poema de
Drummond derivam de um conflito de
a) caráter racial, assim como
sucede em A cidade e as serras.
b) grupos linguísticos rivais,
de modo semelhante ao que ocorre em Viagens na minha terra.
c) fundo religioso e
doutrinário, como o que agita o enredo de Til.
d) classes sociais, tal como
ocorre em Capitães da areia.
e) interesses entre agregados
e proprietários, como o que tensiona as Memórias póstumas de Brás Cubas.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Um sarau é o bocado mais
delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer.
O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados negócios;
todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos
minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua
época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento:
aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por
entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da
sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo
na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí
a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e
marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da
Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes
que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha
vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que
ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy
que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na
sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça
nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar
pelos olhos.
E o mais é que nós estamos
num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e
senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida
sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o
prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes
e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas
vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha,
princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)
18.
(Unifesp 2013) Levando em conta o contexto
em que floresceu a literatura romântica, as informações textuais refletem, com
a) ufanismo, uma vida social
de bem-aventurança.
b) desprezo, a cultura de uma
sociedade poderosa.
c) entusiasmo, uma sociedade
frívola e hipócrita.
d) nostalgia, os valores de
uma sociedade decadente.
e) amenidade, uma visão
otimista da realidade social.
19.
(Unifesp 2013) Assinale a alternativa em
que a eliminação do pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do
sujeito do verbo.
a) Ali vê-se um
ataviado dandy
[...].
b) [...] aqui uma, cantando
suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos [...].
c) O velho lembra-se dos
minuetes e das cantigas do seu tempo [...].
d) [...] mesmo na ocasião
em que a moça se espicha completamente [...].
e) [...] daí a pouco vão
outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala [...].
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
PREFÁCIO
São os primeiros cantos de um pobre poeta.
Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de
amor.
É uma lira, mas sem cordas; uma primavera,
mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.
Cantos espontâneos do coração, vibrações
doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como
isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não
lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos
véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e
tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu
coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de
uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois raios
luminosos do coração de Deus.
AZEVEDO,
Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de
Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.
20.
(Ufg 2013) Se ao invés de usar
períodos compostos como em “É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem
flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.”, o autor tivesse escolhido períodos
simples: “É uma lira sem cordas. É uma primavera sem flores. É uma coroa de
folhas sem viço.”, a imagem construída a respeito de sua obra não seria a
mesma, porque
a) o pressuposto produzido
pelo uso do termo sem indica a impossibilidade de os poemas retratarem a
completude das coisas do mundo.
b) a oposição entre os objetos
naturais e os produzidos pelo homem autoriza a interpretação de que a natureza
seja a musa inspiradora dos poemas.
c) o subentendido produzido
pelo uso do mas leva o leitor ao entendimento de que a obra é comparada
a produções rudimentares.
d) a contradição marcada pelo
uso do mas permite a compreensão de que a essência das coisas se mantém
mesmo quando lhes falta o atributo principal.
e) a antítese instaurada na
comparação entre realidade e ficção produz a ideia de que a poesia deva realçar
a aparência das coisas.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[B]
[B]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de
Português]
O romance
“Til” retrata a linguagem e os costumes da vida rural na época em que foi
lançado, 1872, com enredo ambientado na região de Piracicaba. Em alguns
momentos e sempre sob a vigilância de seus senhores, os africanos e seus
descendentes aproveitavam alguns episódios da tradição judaico-católica para
celebrar os eventos que marcavam a sua própria cultura, de que são exemplos a congada e o lundu. Para os
senhores e autoridades coloniais, isso estabelecia a segurança de que os
escravos e libertos tinham aderido ao catolicismo e para os africanos, servia
para usufruírem de um momento de liberdade, ainda que temporária, e afirmarem
sua própria história e cultura. Assim, é correta a alternativa [B].
[Resposta do ponto de vista da disciplina de
História]
No Brasil,
assim como no Cariba e nas “colônias do sul” da América do Norte teve grande
intensidade. O braço escravo foi determinante na produção e sua exploração,
extrema. O sincretismo cultural pode ser percebido desde os primórdios da
colonização e foi mais intenso nas áreas canavieiras do nordeste. O narrador
não faz referências aos elementos religiosos e à mentalidade capitalista do
século XIX aliada às pressões da Inglaterra foram determinantes para a
substituição gradual do trabalho escravo pelo trabalho livre nos cafezais.
Resposta da questão 2:
[D]
[D]
As
alternativas [A], [B] e [C] são incorretas. Em [A] e [B], as referências dizem
respeito ao Romantismo e Naturalismo, respectivamente, movimentos
estético-literários que aconteceram em contextos históricos anteriores ao da
“belle époque”. Em [C], faz-se referência à segunda fase do Modernismo no
Brasil, posterior, portanto, à “belle époque”. Assim, é correta apenas a
alternativa [D], que caracteriza o Pré-Modernismo no Brasil o qual abre espaço
aos movimentos artísticos vanguardistas do início do século XX.
Resposta da questão 3:
[E]
[E]
O eu lírico
de Canção do Tamoio defende a morte
honrosa em nome de um ideal, o que corresponde ao verso “E, se um dia ele cai, cai bem!”, de Vinicius de Moraes e Baden
Powell.
Resposta da questão 4:
[C]
[C]
O trecho de Canção do Tamoio exulta a coragem que o
índio deve manter mesmo no momento em que a fortuna trai seus passos: os feitos
devem ser recordados para, em seguida, morrer em glória. Tal idealização moral
corresponde ao ideário das Cruzadas, em que os guerreiros davam a própria vida
em nome da causa que defendiam.
Resposta da questão 5:
a) Em ambos os textos, os narradores em 1ª pessoa estabelecem diálogo com o leitor (“Benévolo e paciente leitor”, “o maior defeito deste livro és tu, leitor”), usam o recurso da função metalinguística (“Neste despropositado e inclassificável livro das minhas Viagens”, “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica”) e desviam-se da narrativa cronológica para abrirem espaço a digressões (“acabemos com estas digressões e perenais divagações minhas”, “este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem”).
a) Em ambos os textos, os narradores em 1ª pessoa estabelecem diálogo com o leitor (“Benévolo e paciente leitor”, “o maior defeito deste livro és tu, leitor”), usam o recurso da função metalinguística (“Neste despropositado e inclassificável livro das minhas Viagens”, “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica”) e desviam-se da narrativa cronológica para abrirem espaço a digressões (“acabemos com estas digressões e perenais divagações minhas”, “este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem”).
b) O leitor é
tratado de forma respeitosa no excerto de Almeida Garrett e irônica no de
Machado de Assis. Ambos deduzem que o público da época preferia a narrativa
linear, com recursos técnicos facilitadores de leitura, desenvolvimento de
tramas que provocassem as emoções até um clímax e conduzissem a um final
previsível.
Resposta da
questão 6:
a) A sociedade retratada em “Til” está estruturada basicamente em duas camadas sociais: os grandes latifundiários e os escravos com a gente humilde do campo. Os personagens que habitam na Fazenda das Palmas estão submetidos ao poder de Luís Galvão, representante de uma aristocracia rural a quem todos devem obrigações e favores. Jão Fera reconhece as limitações impostas pela sua condição de agregado que vive da caridade do seu “benfeitor” e se vê obrigado a uma subserviência humilhante para poder sobreviver.
a) A sociedade retratada em “Til” está estruturada basicamente em duas camadas sociais: os grandes latifundiários e os escravos com a gente humilde do campo. Os personagens que habitam na Fazenda das Palmas estão submetidos ao poder de Luís Galvão, representante de uma aristocracia rural a quem todos devem obrigações e favores. Jão Fera reconhece as limitações impostas pela sua condição de agregado que vive da caridade do seu “benfeitor” e se vê obrigado a uma subserviência humilhante para poder sobreviver.
b) Jão Fera
não admitia ser identificado com o escravo negro, por isso prefere o trabalho
de capanga dos ricos ao do trabalho na lavoura, típico da ralé.
Resposta da
questão 7:
a) Jão Fra era um facínora temido por todos (“Onde se encontra Jão Fera, ou houve morte ou não tarda”), mas despertava piedade em Berta, como se depreende do diálogo de Miguel com Berta: “– Você não tem pena?/– De um malvado, Inhá!/– Pois eu tenho!”.
a) Jão Fra era um facínora temido por todos (“Onde se encontra Jão Fera, ou houve morte ou não tarda”), mas despertava piedade em Berta, como se depreende do diálogo de Miguel com Berta: “– Você não tem pena?/– De um malvado, Inhá!/– Pois eu tenho!”.
b) Jão Fra
revela gratidão a Luís Galvão, mostra coragem e generosidade na proteção a
Berta e, no final da narrativa, arrependimento pela crueldade dos seus atos.
Mas também era um assassino profissional a ponto de ser contratado para matar
Luís Galvão e acabar com o mandante de forma cruel.
Resposta da questão 8:
[A]
[A]
No primeiro
poema, o próprio título e os versos (“E quem nele respirasse/A tua
malva-maçã!”, “Dá-me essa folha cheirosa/Que treme no seio teu!”) associam
metaforicamente a sensualidade da mulher a elementos da natureza. O mesmo
acontece no segundo, através dos versos: “Há uma flor que está em redor de
mim”, “Não, não quero amar/senão a natureza/quando ela se abre/como uma flor e
suas corolas à madrugada”. Assim, é correta a alternativa [A].
Resposta da questão 9:
[E]
[E]
As estrofes
do poema ”I Juca Pirama” descrevem a derrota da tribo Tupi face às agressões do
colonizador europeu e a submissão a que foi sujeita perante a força do
opressor, o que torna inadequadas as alternativas [A] e [C]. Também não existe,
no excerto do poema, nenhuma referência a ritual antropofágico e o ponto de
vista a partir do qual se elabora o poema é o do próprio índio, ao contrário do
que afirma em [B] e [C], respectivamente. Assim, é correta apenas a alternativa
[E].
Resposta da questão 10:
[A]
[A]
Os momentos
históricos em que se desenvolvem os enredos de “Viagens na minha terra”,
“Memórias de um sargento de milícias” e “Memórias póstumas de Brás Cubas” estão
relacionados com a invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas. No primeiro,
exibem-se os conflitos de uma sociedade em crise que se dividia entre o
absolutismo de teor nacionalista e o liberalismo, associado por muitos ao país
invasor e por isso considerado antinacionalista. Em “Memórias de um sargento de
milícias”, relatam-se os costumes do Rio Colonial na época de D. João VI,
momento em que a corte real portuguesa se refugiou no Brasil para evitar a
rendição às tropas francesas. Em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, o narrador
relata que, durante a sua infância, eram frequentes debates familiares sobre o
referido tema. Assim, é correta a opção [A].
Resposta da questão 11:
a) A forma irônica como o narrador se refere a Leonardo Pataca (“o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo”) estabelece uma ruptura com as características do estilo romântico predominante na época da publicação dos folhetins, que seriam reunidos mais tarde em livro sob o título “Memórias de um sargento de milícias”. O excesso de emotividade típico do Romantismo é ridicularizado quando o narrador usa o termo “babão” para caracterizar a pessoa que se declara fortemente apaixonada por outra. Desta forma, a obra apresenta elementos excêntricos ao painel literário do Romantismo brasileiro.
a) A forma irônica como o narrador se refere a Leonardo Pataca (“o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo”) estabelece uma ruptura com as características do estilo romântico predominante na época da publicação dos folhetins, que seriam reunidos mais tarde em livro sob o título “Memórias de um sargento de milícias”. O excesso de emotividade típico do Romantismo é ridicularizado quando o narrador usa o termo “babão” para caracterizar a pessoa que se declara fortemente apaixonada por outra. Desta forma, a obra apresenta elementos excêntricos ao painel literário do Romantismo brasileiro.
b) Muitas
personagens são alegorias, representações simbólicas do tipo de gente da época,
classe média-baixa que tenta driblar as dificuldades de sobrevivência do dia a
dia com pequenas contravenções morais e éticas, ao contrário do que acontece no
Romantismo convencional em que o protagonista é de origem social elevada e tem
comportamento moral e ético irrepreensíveis. A supressão de etapas narrativas,
oscilação de foco narrativo, a presença de metalinguagem, o diálogo com o
leitor e o uso de linguagem objetiva de cunho jornalístico permitem classificar
esta obra como uma novela de tom humorístico, crônica de costumes do Rio
Colonial, na época de D. João VI.
Resposta da questão 12:
[C]
[C]
As
alternativas [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois:
[A] nem é a prosa romântica
que aborda o tema do adultério, mas sim a realista, nem o romance “A pata da gazela” aborda o
adultério, pois narra apenas às atribulações de personagens que se envolvem em
um triângulo amoroso, ao gosto do
público leitor da época;
[B] não
existe intenção de denunciar as mazelas da escravidão;
[D] o foco da
ação centra-se na alta roda carioca;
[E] Amélia, mulher rica e
bela, era a dona dos pés divinos, o que Leopoldo descobre só depois de ter
casado com ela.
Assim, é
correta apenas a alternativa [C].
Resposta da questão 13:
[A]
[A]
As opções [B], [C], [D] e [E] são incorretas, pois em “Viagens na minha
terra”, de Almeida Garrett, não se manifesta
[B] aversão às cidades estrangeiras;
[C] oposição de discurso de intelectuais à estratégia de sobrevivência
dos retirantes de “Vidas Secas”, cuja “sabedoria” não é fundada em análises
filosóficas nem existenciais, mas sim primária e instintiva;
[D] postura niilista semelhante à de alguns capítulos de “Memórias
póstumas de Brás Cubas”;
[E] não existe antibrasileirismo e seu autor reflete através do
personagem Carlos os conceitos do liberalismo.
Assim, é correta apenas [A].
Resposta da questão 14:
a) A obra "Viagens na Minha Terra" de Almeida Garrett estabelece um paralelo com os eventos históricos e sociais que explicam a decadência do império português. Assim, os personagens deixam transparecer a crise de valores que assolava a sociedade da época, como o apego à materialidade em ações que buscassem compensação imediata, sem preocupação com futuras consequências. Frei Dinis e Carlos representam, respectivamente, o Portugal conservador e absolutista dos miguelistas e o espírito renovador dos liberais que pretendiam o restauro das soluções constitucionais de 1822.
a) A obra "Viagens na Minha Terra" de Almeida Garrett estabelece um paralelo com os eventos históricos e sociais que explicam a decadência do império português. Assim, os personagens deixam transparecer a crise de valores que assolava a sociedade da época, como o apego à materialidade em ações que buscassem compensação imediata, sem preocupação com futuras consequências. Frei Dinis e Carlos representam, respectivamente, o Portugal conservador e absolutista dos miguelistas e o espírito renovador dos liberais que pretendiam o restauro das soluções constitucionais de 1822.
b) A
oscilação do foco narrativo, a variação de gêneros dentro da narrativa, a
digressão, a metalinguagem, os diálogos informais com o leitor, o uso de
variantes da linguagem e a forte expressividade de descrições permitem
considerar a obra “Viagens na minha terra” como o marco inicial da prosa
moderna da prosa portuguesa, antecipadora do Realismo de Eça de Queirós.
Resposta da questão 15:
[B]
[B]
O processo de
adjetivação, para os poetas românticos, conferia subjetividade aos versos,
permitindo a demarcação da individualidade do poeta, como em: “Minh’alma
tenebrosa se entristece, / É muda como sala mortuária...”.
Resposta da questão 16:
[C]
[C]
Araripe Jr.
refere-se à escola naturalista em cujos romances se refletia a filosofia
determinista que analisava a sociedade sob a óptica do instinto, do fisiológico
e do natural, do erotismo e da violência que compõem a personalidade humana. A
zoomorfização das personagens presentes no capítulo “O samba” aludem a esse
novo estilo: “pincham à guisa de sapos em roda do terreiro”, “começou de
rabanar como um peixe em seco”. Assim, é correta a opção [C].
Resposta da questão 17:
[D]
[D]
Apenas no
romance “Capitães da Areia” as tensões sociais entre ricos e pobres se
aproximam das sugeridas nos versos de Drummond, como se afirma em [D].
Resposta da questão 18:
[E]
[E]
Publicado em
1844, o romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, atende ao interesse
do público leitor da época, constituído sobretudo por uma burguesia alienada e
ávida por uma literatura que correspondesse às projeções dos seus anseios
pessoais em frequentar ambientes luxuosos e conviver com a nata da sociedade.
Assim, as descrições detalhadas do sarau e a idealização dos personagens
ofereciam condições e qualidades que despertavam sensação de prazer e bem-estar, expressando
uma visão otimista da realidade social, como se afirma em [E].
Resposta da questão 19:
[A]
[A]
Na opção [A],
existe uma frase em que a partícula “se” é pronome apassivador de uma oração na
voz passiva sintética, sendo “um ataviado dandy”, o seu sujeito. Se o pronome
fosse eliminado (Ali vê um ataviado dandy),
o sujeito passaria a ser elíptico (ele,
ela) e “ataviado dandy”, o objeto direto do verbo ver.
Resposta da questão 20:
[D]
[D]
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